Às vésperas de encerrar seu trabalho em Ti-Ti-Ti, Humberto Carrão está satisfeito. O ator foi convidado para interpretar o dedicado e responsável Luti pelo próprio diretor, Jorge Fernando. E em função de seu desempenho como o vilão Caio da temporada de 2009 de Malhação.
Mas sabia que seria uma tarefa difícil manter a seriedade em um núcleo em que qualquer coisa é motivo para uma boa piada. Ainda mais encarnando o filho do malandro Ariclenes, servindo muitas vezes de escada para Murilo Benício, que vive o falso costureiro Victor Valentim. "Ele trabalha muito com o improviso, faz aquelas caretas e minha maior dificuldade é lidar com essas surpresas. Por isso, quando é compreensível, faço o próprio Luti se entregar às palhaçadas do pai", justificou. Na adaptação de Maria Adelaide Amaral para o texto de Cassiano Gabus Mendes, Luti já ganhou o coração de três garotas. Gabi, de Carolina Oliveira, começou a novela apaixonada por ele. E Valquíria e Camila, de Juliana Paiva e Maria Helena Chira, vivem agora revezando a "posse" do coração do jovem estudante. E hoje é essa dúvida sobre o final do triângulo amoroso que mais rende comentários do público com o ator. "Sinto a torcida bem dividida. A virada da Camila na história abriu essa nova possibilidade e já vi pesquisas na internet que apontam a balança pesando mais para esse lado. Mas prefiro não pensar muito nisso para não influenciar nas cenas", refletiu o jovem ator.
Os conflitos românticos de Luti acabaram servindo também para que Humberto afastasse um receio que começou a surgir assim que leu os primeiros capítulos da novela. Com tantos jovens sendo retratados de forma rebelde e em conflito com a família, era inusitada a ideia de encarnar um com ar mais responsável que o próprio pai. "Não é que eu achasse que ele poderia virar um chato, mas batia um certo medo", confessou. A solução, além de apostar nas incertezas amorosas, foi tentar trazer mais leveza às cenas em família. "A gente faz de um jeito que não deixa ele tão careta. Aproveito as cenas dele com o pai e com o Chico para pegar um pouco de carona no humor deles", entregou, referindo-se ao personagem de Rodrigo Lopez.
A carreira ascendente aos 19 anos não tirou de Humberto os planos determinados há tempos por ele. Tanto que o ator se esforça para, mesmo seguindo uma rotina intensa de gravações, dar sequência à faculdade de Cinema, iniciada quando ainda gravava Malhação. A ideia é, além de ampliar suas possibilidades na frente das câmaras, poder se aventurar atrás delas também. "É cansativo. Tive dias de fazer duas provas de manhã, às 7 horas, chegar às 13 para gravar e só sair do estúdio 21h! Mas qualquer carreira exige esforços", analisou ele, que quando chega em casa ainda tem de decorar os textos para as cenas do dia seguinte.
Mas Humberto está longe de reclamar de sua rotina. Ao contrário, ele jura que só quer saber de trabalhar mais e mais daqui para frente. O ar responsável mesmo com tão pouca idade se justifica na trajetória já extensa de trabalhos na TV. Tanto que o carioca completa em 2011 uma década de carreira. "Desde bem novo eu sabia bem o que eu seria quando crescesse. Aliás, acabei 'sendo' antes mesmo de ganhar tamanho", brincou ele, que estreou na TV em 2001, na novelinha infantil Bambuluá, da Globo.
Ti-ti-ti - Globo - Segunda a sábado, às 19h30.
Aluno aplicado
Malhação tem um peso especial na carreira de Humberto Carrão. Primeiro, pela visibilidade que ganhou em 2009 na pele do malvado Caio. Na época, mesmo com a aposta da emissora em dois mocinhos ¿ Daniel Dalcin vivia o descolado Alex e Micael Borges, o romântico Luciano ¿, a heroína Marina, de Bianca Bin, acabou terminando mesmo com o vilão. E também porque Humberto se tornou conhecido em outra temporada, em 2004, quando viveu o adolescente Diogo, irmão do músico Gustavo, de Guilherme Berenguer, na época da saudosa Vagabanda do seriado. "Foram duas fases muito importantes da minha vida. Literalmente, uma escola para mim", valorizou.
Mas o primeiro contrato assinado de Humberto na televisão foi com o canal educativo Futura, para o programa Alô, Vídeo Escola. Além disso, ele também participou de Bang Bang e da última temporada do Sítio do Picapau Amarelo, na Globo, no papel do Caipora. Isso sem contar com um episódio da série Carga Pesada, pelo qual chegou a receber um elogio de Antônio Fagundes, que bateu em suas costas carinhosamente dizendo "muito bom". Uma lembrança que é motivo de orgulho para o rapaz. "Acho que já consegui muita coisa boa e a minha meta é continuar trilhando esse caminho", planeja. Por enquanto, está dando certo.
Instantâneas
# Humberto fez parte da Oficina de Atores da Globo em 2008. Para isso, precisou terminar o segundo grau em um supletivo.
# Na TV, ele é fã de todas as novelas de Manoel Carlos.
# Carrão coleciona DVDs. "Quando tenho tempo livre, adoro ficar em casa assistindo", afirmou.
# Além dos filmes, o ator tem outra paixão: o futebol. Tanto que faz questão de jogar pelo menos uma partida uma vez por semana.
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